A Coragem de Enfrentar a Verdade
Artigo do Porta-Voz da Embaixada no Diários de Notícias
2012-11-17 01:16
 

1, A China e o Japão têm uma ligação histórica de quase 2000 anos, na sua maioria amistosa. Começou a mudar no século 19, quando o Japão adotou uma política de expansão e partiu para guerra com todos os seus vizinhos: Korea em 1875, Ryukyu(hoje Okinawa) em 1879, China(Taiwan) em 1895, Rússia (Sakhalin)em 1904, e EUA(Pearl Harbour) em 1941, trazendo enormes sofrimentos aos povos envolvidos. Não podemos esquecer este contexto histórico quando falamos da questão das Ilhas Diaoyu.

2, No século 19, a soberania chinesa sobre as ilhas Diaoyu já era largamente reconhecida entre os navegadores ocidentais, mas o Japão disse que não conhecia. Ignorância ou intencional? A verdade, que não é estranha naquele contexto histórico, está numa carta do então MNE japonês Inoue Kaoru datada em 21/10 de 1885: "Atualmente, qualquer tentativa como construir marcas de soberania(nas Ilhas Diaoyu) despertaria a alarme da Dinastia Qing(China)" , e "as nossas investigações sobre estas ilhas não devem tornar-se públicas nos diários oficiais ou jornais." O processo ilegal de "proclamação de soberania" sobre as ilhas chinesas Diaoyu ocorreu numa reunião secreta do Governo Japonês em 1895, às costas do Governo Chinês. O que queria esconder? O Governo e povo chinês, dono legítimo destas ilhas desde o século 14, nunca aceita tal ato de roubo, e a Declaração de Cairo,tanto como a Proclamação de Potsdam, exigem que o Japão devolva todos os territórios roubados à China.

3, Em 1972, tendo em vista o futuro das relações sino-japonesas e a paz e desenvolvimento regional, dirigentes dos dois países tiveram a visão política de normalizar as relações bilaterais e deixar a questão Diaoyu para futuro. Com esta fórmula, as relações sino-japonesas viveram quatro décadas de prosperidade. A atual dificuldade nas relações bilaterais teve origem na decisão unilateral do Japão de Nacionalização, ignorando as sucessivas alertas da China. Cabe ao Governo Japonês corrigir o erro e voltar ao caminho de negociação, comforme toda a comunidade internacional deseja.

4, Sobre o artigo do Ministro Fujimura do dia 07/11, é só para lembrar que o Tratado de San Francisco, do qual a China não foi participante nem assinante, não contém uma única palavra Diaoyu ou Senkaku. E a posição dos EUA foi repetidamente expressa pelo Porta-Voz do seu Departamento do Estado: "Não tomamos posição sobre a questão de soberania destas ilhas." Tenha coragem de enfrentar a verdade, tanto histórica como atual.