DISCURSO DO EMBAIXADOR ZHANG BEISAN NA SECÇÃO INAUGURAL DO VI FORUM INTERNACIONAL DE SINOLOGIA
2011-03-01 02:07

Exmos Srs. Convidados,

Senhoras e Senhores,

É para mim uma grande honra poder participar na secção inaugural deste Forum Internacional de Sinologia. Em primeiro lugar, gostaria de transmitir, em nome da Embaixada da República Popular da China em Portugal, cordiais saudações e os melhores cumprimentos aos especialistas do ciclo académico, bem como aos amigos interessados na Sinologia, quero ainda transmitir os meus sinceros agradecimentos ao Instituto Português de Sinologia e ao Museu do Oriente, por organizarem este Forum.

O Forum tem como tema “A Revolução de 1911, um Século de mudança e continuidade na China”, e visa fazer uma restrospectiva interessante do caminho que a China tem feito em diferentes aspectos: social, político, económico, ideológico e cultural. As palavras Mudança e Continuidade, são exactamente as palavras – chave da História da China no último Século.

A Revolução do Ano de 1911, que correspondeu ao Ano do Porco, e de acordo com o calendário Lunar chinês, foi um grande acontecimento na História recente da China. Nesse ano a China ainda se encontrava a viver a sua última Dinastia Feudal. Esta Dinastia ía sobrevivendo pobre e fraca, devastada internamente, sofrendo as causas da ocupação humilhante no seu território pelas potências imperialistas.

Contudo um grupo sábio e consciente de pessoas encabeçado pelo Doutor Sun Zhongshan, pioneiro da Revolução chinesa, também conhecido no Ocidente por Sun Yat-Sen, fizeram ouvir as suas palavras de ordem: “ Revitalização e Reunificação da China”. Conseguiram derrubar o regime do Imperador, escrevendo um novo preâmbulo da História revolucionária democrática da nação chinesa, impulsionando o progresso em todo o País. Cem anos depois da Revolução de 1911, e com o objectivo da Revitalização e Reunificação da China, diversas gerações chinesas têm lutado por um País, rico, democrático e unificado, por uma vida mais feliz e mais digna. No decorrer destes anos a China passou por enormes mudanças se compararmos com à cem anos atrás. Apesar das dificuldades ainda a ser superadas, o seu desenvolvimento económico alcançou êxitos notáveis, reconhecidos hoje em dia no Mundo inteiro, estes êxitos transformaram a História da China, quer económica, quer socialmente.

Hoje a China está a alimentar 22% da população mundial, com apenas 10% de terra lavrável do Planeta Terra. A sua indústria fabrica um décimo da produção industrial mundial. A China conseguiu um lugar de liderança nos sectores da alta –tecnologia, nomeadamente a tecnologia espacial, energia nuclear, mega teconologia informática, ferrovias de alta velocidade. O PIB chinês subiu do quatrigésimo para o segundo lugar no Mundo e já é considerado um importante motor do crescimento económico mundial. A vida do povo chinês teve um grande avanço, ultrapassou a falta de comida e de alojamento e passou a ter uma vida razoavelmente confortável. Hoje em dia o povo goza de plenos direitos, politicos, económicos, sociais e culturais, usufrui ainda de um conjunto de serviços públicos cada vez mais aperfeiçoados. A democracia socialista e a participação ordenada dos cidadãos na vida política está a avançar a seu tempo, contribuindo a cada dia que passa para o aperfeiçoamento do sistema legal nacional. Para acompanhar este progresso, a China tem desempenhado um papel activo e responsável nos assuntos internacionais. Na sua qualidade de ser um grande País em Desenvolvimento, vê o seu estatuto e influência Mundial chegar a um nível sem precedência.

Perante os pioneiros revolucionistas, hoje podemos proclamar com satisfação, que a “Revitalização da China”, excedeu as palavras de ordem. O povo chinês com o seu espirito lutador, trabalhador e sábio está a escrever um capitulo glorioso na sua História.

Ao mesmo tempo e tendo em conta cinco mil anos de civilização, a filosofia e a cultura tradicional, têm vindo a ser preservadas e enaltecidas na China moderna. Comemoramos à pouco tempo a chegada do ano do Coelho no calendário lunar chinês, li as interessantes reportagens aqui em Portugal sobre a Grande Movimentação Nacional, durante a Festa da Primavera na China, onde centenas de milhões de pessoas se deslocaram a caminho da sua terra – natal, lotando todos os meios de transporte. Para um conhecedor da cultura chinesa, não é dificil compreender o que está por detrás disso. Na cultura chinesa prevalece sempre a tradição de valorizar a familia, de tratar bem os velhos e os menores. Há milhares de anos, os chineses que viviam fora de casa tentavam todos os meios para voltarem a casa, reunindo-se com os pais, irmãos e os filhos, para assim compartilharem em conjunto a alegria e a colheita do ano. A Festa da Primavera é o símbolo da cultura tradicional da China, que constitui uma riqueza espiritual da nação chinesa, trata-se de uma filosofia que transmite uma co–existência harmoniosa entre as pessoas individuais e a familia, também entre a sociedade e eventualmente entre o ser humano e a Natureza. Ao mesmo tempo esta filosofia defende que o individual deve participar nos assuntos sociais para materializar o seu valor da vida. Isto é uma forma de promover um desenvolvimento sustentável do ser humano.

No âmbito do rápido desenvolvimento sócio–económico da China, a cultura tradicional chinesa é cada vez mais apreciada e seguida por pessoas de diferentes sectores e idades, pela sua beleza ideológica e artistica e pela sua função de fomentar uma sociedade organizada e pacífica, na qual o relacionamento entre as pessoas possui uma caracteristica harmoniosa, temos por exemplo cada vez mais pessoas a praticarem caligrafia ou Tai – Chi, como forma de conseguirem um relaxamento fisico e paz espiritual. Entre os jovens há cada vez mais adeptos das operas tradicionais, como a Opera de Pekin e a Opera Kun Qu. Nas livrarias de toda a China, encontram-se livros tradicionais de ensino pré–escolar da China antiga como por exemplo “ San Zi Jing” ( Prosa de Três Palavras), e de “Bai Jia Xing”( Os Cem Nomes da Familia), estes livros voltaram a ser os mais procurados pelos pais. E para nossa satisfação a cada dia que passa temos cada vez mais conhecedores e seguidores estrangeiros da cultura chinesa. Em cidades como Lisboa, o povo local comemorou a Festa da Primavera, juntamente, com a comunidade chinesa. O Instituto Confúcio, que é o canal de ligação para a divulgação da cultura chinesa, está a enraizar-se em muitos países do Mundo, incluindo aqui em Portugal. A cultura milenar chinesa está a dar novos contributos ao desenvolvimento da civilização mundial.

Senhoras e Senhores,

O relacionamento entre a China e o Mundo, passou por uma mudança histórica. O desenvolvimento da China depende do Mundo lá fora. A prosperidade e a estabilidade do mundo também precisa da China. O futuro da China e do Mundo está cada vez mais interligado. Nos últimos anos, viu-se um grande progresso nas relações entre a China e os países europeus, incluindo Portugal. A visita do Presidente Hu Jintao a Portugal em Novembro do ano passado, veio dar um grande impulso ao desenvolvimento da Parceria Estratégica Global entre os dois países. Na conjuntura da multipolarização e globalização económica, a China e a Europa possuem cada vez mais interesses comuns e têm cada vez mais espaço para a cooperação e para lançarem projectos conjuntos em todas as áreas e, desta forma, enfrentarem os desafios da crise financeira internacional em conjunto.

A diversidade é a força impulsionadora para a integração e avanço das civilizações. Uma pessoa que não conheça a História da Antiga Grécia ou do Império Romano, tem dificuldade em entender o conceito enraizado de liberdade e democracia na vida europeia. Do mesmo modo que uma pessoa que não estude os cinco mil anos da história chinesa não consegue entender a aspiração do povo chinês à harmonia, unificação do País e à auto-determinação do seu destino. Actualmente, quer a China, quer a Europa, precisam de melhorar os seus estudos e o seus pensamentos sobre a História, tradição e cultura uma da outra, para assim compreenderem a lógica que está por trás dos caminhos do desenvolvimento do sistema social de cada potência.

É motivo de satisfação que a Sinologia, temática recente que visa estudar a influência histórica e cultural da actualidade chinesa, está a ganhar cada vez mais atenção pela sociedade europeia. Há cada vez mais académicos e Institutos de pesquisa a dedicarem estudos aos artigos escritos pelos grandes pensadores antigos da China, como Confúcio e Lau – Ze mas também aos pensadores mais recentes como Sun Zhongshan, Mao Zedong e Deng Xiaoping, e à influência que tiveram no Mundo. Portugal foi o primeiro País europeu a iniciar relações com a China e esta é já a sexta edição deste Forum, ao lado dos diferentes seminários e palestras sobre a China, realizados em Portugal. Estas actividades académicas alcançaram grandes êxitos, construindo um alicerce sólido para o desenvolvimento das relações bilaterais e para o aprofundamento da amizade entre os dois povos. Os amigos aqui presentes desempenham um papel importante no conhecimento e no entendimento mútuo entre a China e Portugal e entre a China e a Europa. Estou confiante de que os vossos estudos ajudarão o povo europeu a conhecer melhor a China. Com uma integração económica contínua e com o avanço tecnológico mundial, a China e a Europa, apesar das suas diferenças históricas, culturais e dos seus modelos de desenvolvimento diferentes, vão certamente, conseguir um relacionamento baseado na aprendizagem reciproca, no beneficio compartilhado e no respeito pelas diferenças. Este relacionamento de complementariedade mutúo e desenvolvimento conjunto das culturas Oriental e Ocidental vai contribuir para um Mundo de paz duradoura e prosperidade comum.

Por fim formulo votos de grande sucesso para este Forum.

Muito obrigado.