O Jornal PÚBLICO Publicou o Artigo Intitulado “A China Quer Desempenhar um Papel Construtivo na Solução Efetiva da Questão da Ucrânia”
2022-04-03 00:00

O Jornal PÚBLICO publicou em 2 de abril o artigo intitulado “A China quer desempenhar um papel construtivo na solução efetiva da questão da Ucrânia” do Sr. Zhao Bentang, Embaixador da China em Portugal. Segue-se o artigo em íntegra:

À medida que a crise da Ucrânia se continua a desenvolver, muitos portugueses focam a sua atenção na posição da China sobre o assunto. Eu gostaria de fazer uma exposição detalhada sobre a matéria.

Como um país amante da paz, a China tem seguido, há muito, uma política externa independente de paz. Defende firmemente a equidade e a justiça, decide sempre a sua posição com base na essência do próprio assunto em questão e insiste em promover solução para os conflitos por meios políticos. Recentemente, o Presidente chinês Xi Jinping, durante a videoconferência com os líderes da França e da Alemanha, afirmou claramente que a soberania e a integridade territorial de todos os países devem ser respeitadas, que os propósitos e princípios da Carta da ONU devem ser plenamente observados, que as preocupações legítimas de segurança de todos os países devem ser levadas a sério e que todos os esforços que conduzam à solução pacífica da crise devem ser apoiados. Esses “quatro deveres” representam a posição da maior autoridade chinesa sobre a questão da Ucrânia. Também na vídeochamada entre os chefes de Estado da China e dos Estados Unidos realizada há pouco tempo, o Presidente Xi Jinping propôs uma solução chinesa para a crise na Ucrânia, que inclui principalmente dois aspetos. É imperativo que todas as partes trabalhem juntas para promover o diálogo e as negociações entre as partes, implementar um cessar-fogo o mais rápido possível e evitar baixas civis, especialmente para evitar uma crise humanitária. A solução a longo prazo é o abandono da mentalidade da Guerra Fria, a abstenção de confrontos entre blocos e o estabelecimento efetivo de um quadro de segurança europeu equilibrado, eficaz e sustentável. Só assim pode ser alcançada a estabilidade a longo prazo no continente europeu.

Na questão da Ucrânia, a China tem apelado à comunidade internacional para se concentrar na promoção de negociações de paz e na prevenção de crises humanitárias em larga escala, e tem feito grandes esforços para este fim. Logo no segundo dia do conflito, o Presidente Xi Jinping, na conversa telefónica com o Presidente Vladimir Putin, expressou a esperança de ver o mais rapidamente possível negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia e recebeu uma resposta positiva. O lado chinês também apresentou uma iniciativa de seis pontos, incluindo o princípio da neutralidade e imparcialidade nas operações humanitárias, atenção abrangente aos deslocados ucranianos, proteção efetiva de civis, garantia do desenvolvimento tranquilo e seguro de atividades de assistência humanitária, garantia da segurança de estrangeiros na Ucrânia e apoio ao papel de coordenação das Nações Unidas na prestação da assistência humanitária à Ucrânia, etc. Dois lotes de materiais de ajuda humanitária fornecidos pela Sociedade da Cruz Vermelha da China à Sociedade da Cruz Vermelha Ucraniana foram entregues e distribuídos, e a China fornecerá novas assistências no futuro, conforme as necessidades.

Certos países e forças inventaram e espalharam informações falsas, atacando e difamando a posição, objetiva e justa, da China sobre a questão da Ucrânia. Por exemplo, há rumores de que a China teve conhecimento prévio das operações militares da Rússia, e também de que a Rússia pediu à China assistência militar. O alegado conhecimento prévio, as alegações de “consentimento” e “conivência” da China são informações completamente falsas, destinadas transferir culpas e a difamar a China. Há mais de 6000 cidadãos chineses que vivem ou estudam na Ucrânia. A China é o maior parceiro comercial da Rússia e da Ucrânia e o maior importador mundial de petróleo bruto e gás natural. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia não traz qualquer benefício para a China.

A história e a prática provaram que as sanções não podem resolver problemas, e podem até criar problemas novos. Todos os países do mundo são uma comunidade inseparável. Face à falta de dinâmica na recuperação económica global, a contínua escalada das sanções terá um sério impacto nas finanças, energia, abastecimento de alimentos, transporte, cadeia de fornecimento e outros aspetos a nível global - prejudicando a retoma económica mundial e a subsistência de pessoas de todos os países, no contexto de uma pandemia. A China defende sempre que as sanções devem ser usadas com cautela, e opõe-se a sanções unilaterais e jurisdições de longo alcance sem respaldo do direito internacional. A China não é parte interessada da crise, nem quer ser afetada por sanções. Todas as partes devem acalmar-se, fazer mais para ajudar a aliviar a situação e evitar a intensificação de conflitos.

A situação na Ucrânia é preocupante e a guerra reacendeu-se no continente europeu, o que a China lamenta profundamente. A estabilidade a longo prazo da Europa depende da adesão ao princípio da indivisibilidade da segurança. Devemos defender uma visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável. A China apoia a adesão da Europa a uma autonomia estratégica e à promoção do estabelecimento de um quadro de segurança europeu equilibrado, eficaz e sustentável, com base nos seus próprios interesses e segurança. A China também vê com bons olhos o diálogo em pé de igualdade entre Europa, Rússia, Estados Unidos, NATO e outras partes. Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e um grande país responsável no mundo, a China continuará a envidar esforços à sua maneira para aliviar a situação e buscar a paz. A China e a UE partilham muitas línguas comuns na procura da paz, do desenvolvimento e da cooperação. A China está disposta a trabalhar com Portugal e outras partes, para desempenhar um papel construtivo na resolução da crise na Ucrânia e salvaguardar efetivamente a paz e a estabilidade regional e mundial.